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15 de março de 2010

Segundo eu romântico

O romântico é animado por um impulso irresistivel para a introspecção. Tem uma tendência para auto-observação, compulsão que leva cada um a considerar-se um desconhecido, um estranho irrealmente remoto. A idéia do segundo eu é uma tentativa de fuga e traduz a incapacidade dos romanticos de se reginarem a sua situação historica e social próprias. O romântico mergulha no seu duplo como um refúgio contra a realidade, que é incapaz de dominar por meios racionais.

O segundo eu, lugar do inconsciente e fonte dos sonhos, liga-se diretamente a descoberta dos fatos principais da psicanálise. Para os romanticos, o irracional tem a vantagem inestimável de se subtrair ao controle consciente, razão por que preza os instintos inconscientes e obscuros, os estados de alma irreais e extaticos, e procura neles a satisfação que o intelecto frio e crítico não consente. Daí a confiança nos estados de espíritos, no entregar-se ao momento e à impressão fugaz. Culto do misterioso e do tenebroso, do fantástico e do grotesco, do horrível e do fantasmagórico, do diabólico e do macabro, do patológico e do perverso: porque quanto mais confuso é o caos, tanto mais radiante a estrela que se espera que dele surja.

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