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15 de março de 2010

Filosofia romântica

Tudo gira em torno do espírito e do poder de criação do artista. Tudo provém da espiritualidade, através da imaginação produtora. O real é o espírito e aquilo que se nos apresenta nada mais é senão aparencia plasmada pelas categorias de nossa mente. Por trás deste quadro corriqueiro e epidermico, há um mundo espiritual profundo, que podemos captar em estados que não sejam os da vigília. Na infancia, quando nao estamos ainda condicionados pelos habitos do dia-a-dia a pensar segundo os estereotipos da vida burguesa, é mais fácil e imediato o contato com a espiritualidade fundamental. Inocentes, podemos ver a realidade como ela é , em sua pureza, sem as deformações de uma ótica filistéia.
Daí a exaltação romantica dos estados em que a imaginação, o nosso eu profundo, a força espiritual, se desencadeia para penetrar no amago da realidade. Para os romanticos, é no inconsciente que se encontra o nosso ser mais profundo, ou seja, este lado noturno que nos habita e faz parte organica de nossa psique. O inconsciente é como que uma floresta selvagem em nosso íntimo, do qual a consciencia é o cromo - arranhando-o um pouco, chega-se ao cerne primitivo. Este arranhão - feito no sonho ou na loucura - leva-nos ao contato com a nossa espiritualidade, a partir da qual se tem uma visão mais intima e mais essencial da realidade. Nesta região profunda do nosso ser, somos ainda unos, formamos uma unidade completa, e nao existe aí dissociações e fragmentações.
Anunciando a psicanálise, no romantismo, aparece a figura do homem-joguete, o individuo cujo inconsciente, uma força misteriosa em seu íntimo, se projeta para fora como espectro, que o assombra e o converte em seu joguete. O homem é o títere de forças insondáveis.
Na visão romantica, a alienação tem a ver com a condição de um ser que se desdobra em outro, que é ele mesmo mas que não consegue reconhecer-se em si próprio e que se lhe antepõe como um ser objetivo em face do eu.
O mítico, onírico, fantástico, tidos como expressão sensível de pura espiritualidade, são os lugares para onde o artista busca fugir.

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