Seja bem-vindo ao meu blog.

Pesquisar este blog

4 de março de 2010

Impressionismo e esteticismo

Impressionismo (segundo Hauser)
Período: 1870 (?)
Contexto: Crise devido ao rápido desenvolvimento da técnica e pela busca incessante do novo. Grande dinamismo, grandes mudanças, ritmo vertiginoso; sentimento de rapidez. Corresponde ao mundo do homem moderno, onde tudo é transformado em movimento e variação, para quem a experiência do mundo é cada mais experiência do tempo.
Características: Arte urbana, descoberta da qualidade paisagística da cidade; olhar é o do moderno homem técnico. Descreve o ritmo nervoso, as impressòes súbitas e efêmeras da vida das cidades. Surgimento de uma nova sensibilidade nervosa. Ruptura com a visão estática do mundo; privilegia o movimento e a mudança. Realidade não é um ser, mas um devir. Natureza: em estado de decomposição. O mundo se desintegra. Supressão de tudo que é psicológico/valorização dos valores visuais. Visão do mundo atomizado, cheio de dinamismo.

Impressionismo
- desconstrução da materialidade, da forma plástica, da estabilidade, do espaço.
- privilegia o olhar do observador: subjetividade.
- desprezo pelo assunto/ ênfase na visualidade: fim da arte de assunto.
- arte é analítica: busca a matéria prima da experiência. Não faz a descrição pictórica do assunto, mas representa através dos seus componentes.
- arte de reduções, simplificações e restrições.
- tudo o que é humano e psicológico desaparece da pintura, em nome do aspecto puramente visual.
- realidade/cores/forma - dependem do ponto de vista do observador, que é sempre momentâneo e transitório.

Precursores: Delacroix e Constable.
Inauguradores: Manet.
Artistas: Monet, Renoir, Pissarro, Bazille, Morisot, Cézanne, Degas, Toulouse-Lautrec, Constantin Guys.
Origem social: burguesia e excepcionalmente aristocracia.
Peculiaridade: Pintura exerce influência sobre outras artes, e é a mais importante. Ultimo estilo europeu universalmente válido.

Cronologia do Impressionismo:
1854: Início
1874: Primeira Exposição Coletiva dos Impressionistas.
1886: Oitava Exposição
1887-1906: Pós-impressionismo (ano da morte de Cézanne).
Atmosfera: Sentimento da singularidade e da solidão do indivíduo na multidão.
Contradição: multidão ruidosa e incessante + sentimento de solidão.
Impressionistas e público: reação negativa deste/esforço dos impressionistas em agradar/divórcio entre os círculos oficiais e a geração de jovens artistas. Arte impressionista: é uma experiencia de solidão e isolamento.
Literatura: influência a partir da década de 1880. Esteticismo. Vida como obra de arte.
Proust/ Goncourt/Baudelaire/Wilde/Villiers de l’Isle-Adam (Axel/ Vera)/ Huysmans (A rebours)
Características: ideal de artificialidade, desprezo pela natureza bruta, divertimentos da cidade, paraísos artificiais, fuga da realidade, idéia de que arte é mais bela do que a vida real. Fuga do mundo real via mundo sublimado e mais artificial; desejos irrealizados são mais perfeitos e satisfatórios. Enfado diante da monotonia da vida; aversão à segurança ordenada da vida burguesa. “Os impressionistas tentam deixar a hora que passa fugazmente; o seu abandono ao estado de espírito passageiro, como o mais alto e insubstituível valor, o seu anseio de viver no momento que foge, de ser por ele absorvidos, não são mais do que o resultado dessa maneira antiburguesa de considerar a vida, dessa revolta contra a rotina e a disciplina da prática burguesa”. Hedonismo. O conceito de decadencia é a consciencia de se estar na fase final de um processo vital e na presença da dissolução da civilização. Simpatia por velhas culturas excessivamente requintadas: Império Romano, rococó.Os homens são tomados por um frenesi de transformação e decomposição - por um sentimento que também não é inteiramente novo, mas apenas muito mais forte do que nunca. Prazeres da auto-destruição e do aniquilamento: para o decadente, tudo é abismo, tudo está cheio do temor da vida.

Impressionistas: dois tipos de artista:
a.) novos boêmios: migração interna.
b.) fuga da civilização ocidental em terras distantes e exóticas (fuga verdadeira). Rimbaud
Ambos: desconforto com a cultura.



Exposição
abril de 1874 - artistas resolveram expor por conta própria fora do Salon. Organizaram-se no Société des Artistes Peintres, Sculpteurs, Graveurs. Mais de 160 obras. Nomes: Degas, Monet, Renoir, Pissarro, Sisley e Bazille.
- nome: “impressionistas” - crítico Louis Leroy - “Exposição dos impressionistas”- impressão como um esboço.


Impressão
- objetivo: busca da natureza dos efeitos da luz, em constante variação, sobre as superfícies dos objetos na natureza, e como passar esta percepção para a pintura.
- pintura científica: busca de uma ciência/ técnica que seja o mais real possível.
- cor local: cor do objeto na natureza. É cambiante. É feita de várias cores puras.
- influência para as cores: teoria da harmonia cromática de Eugène Chevreul (publicadas pela primeira vez em 1839).
- pintura: estudo da luz e da cor.
- mundo impressionista: evanescente, fugaz, passageiro, cores são fugazes, formas são fluidas. Mundo evanescente.
- técnica: colocar as cores puras ao lado uma das outras.
- sombra: é colorida: inclui as cores complementares da cor do objeto que as projetou. Exemplo: complementar do amarelo é o violeta (mistura do vermelho + azul).
- investigação radical da representação pictórica da cor local, da sombra e das superfícies refletoras da luz.
- aspecto subjetivo.
- olhar do espectador é que recompõe e une as cores (mistura ótica).
- tema é secundário: paisagem. Tema é o suporte em que a luz se reflete.
- pintura feita ao ar livre.

Chevreul
- é diretor dos Gobelins.
- lições de tinta (1828-1831)
- cores primárias: amarelo, vermelho e azul.
- cores secundarios: laranja (vermelho e amarelo); verde (amarelo e azul); violeta (vermelho e azul). Cor complementar: é a cor primária que não entra na sua composição. O azul é o complementar do laranja; o vermelho, do verde; o amarelo, do violeta. Lei do realce.
- lei do contraste simultâneo das cores: se num mesmo plano se colocam paralelamente duas tiras de papel da mesma cor mas de tons diferentes, a parte da tira mais clara situada junto a tira mais escura parece mais clara do que é na realidade, enquanto que a parte análoga da tira mais escura parece também mais escuura. Ao estudar sucessivamente as sete cores do prismma - vermelho, laranja, amarelo, verde, azul, violeta e anil (?) - combinadas com o branco, o preto e o cinza, Chevreul estabelece que duas tiras coloridas, postas da forma acima, se modificam de modo que cada cor tende sempre a colorir-se de seu complementar. Ademais, se as duas tirar justapostas estão coloridas por um elemento comum, qualquer que seja o seu tom, este elemento tende a desaparecer.
- o método racional e experimental sobre a luz permite aos impressionistas revelar melhor “um mundo de emoções pessoais, subjetivas mágicas”. Mistura de liberdade e ciência.


Monet
- gosto por fazer pinturas sobre o mesmo tema.
-duas vistas de Notre-Dame.

Decadentismo: filosofia estética do impressionismo.
- fadiga de viver (romantismo)
- esteticismo: atitude passiva e contemplativa diante da vida
- convicção da transitoriedade e a natureza suspeita da experiência.
- sensualismo hedonista.
- arte como fim em si mesmo/ vida vivida como obra de arte.
- desprezo pela natureza/ valorização do artificial.
- esteticismo: formas preciosas, dos artifícios estilísticos e das temáticas tiradas do mundo interior
- vida deve ser preciosa e inútil. Beleza da vida só existe quando esta é transfigurada pela arte.
- consciência de se viver o fim de uma época
- gosto pelas velhas civilizações, exaustas e requintadas.
- “tudo é abismo”: indizível do horror da existência.
- artista como outsider: admiração pelos excluídos (prostituta)
- gosto das dimensões misteriosas da existência., pelo mórbido, pelo satanismo.


Boêmia Impressionista
Boêmia romantica: burgueses ricos, que pretendiam ser originais e extravagantes. Caminho tinha volta. Não havia miséria.
Boêmia naturalista: proletariado artístico, fora da sociedade burguesa, excluído dela.

Definição: proscrição/ ruptura com a sociedade burguesa e com a civilização européia. Ruptura com a permanência, estabilidade e a utilidade. Ruptura com a continuidade da vida. Não há lugar para idílio ou romantismo. Anarquia, miséria, desorientação.
Local: rua, hospitais, cafés, bordéis, music-halls.
Geração de: Rimbaud, Verlaine, Tristan Corbière e Lautréamont; Chekhov.
- Bêbados: Baudelaire, Verlaine, Toulouse-Lautrec.
- Viajantes e vagabundos: Rimbaud, Gauguin, Van Gogh.
Valores:
- desdém pelo barato sentimento de felicidade.
- vida monótona, pobre, sombria, enfadonha.
- arte narcotiza e não mais embriaga.
- niilismo/ negação de si próprio.

1890: Decadentismo -> Simbolismo
- Irracionalismo/ espiritualismo

- Exemplo: Mallarmé
- vida contemplativa em oposição à vida ativa.
- renúncia à natureza e à realidade.
- criação de paraísos artificiais: vida da imaginação.

Nenhum comentário:

Postar um comentário