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15 de março de 2010

O gênio romântico

O romantismo inaugura uma nova concepcao da criação artística e do criador: não se trata mais de habilidade ou domínio técnico. O artista deve ser, antes de tudo, um demiurgo, uma nova força cosmica inata, independente da cultura, que decifra de maneira intuitiva e direta o livro da natureza. Ele age sob o efeito da inspiração. E neste processo, a criação é o fruto da espontaneidade, pois que surge inteira no ato de criar. O valor da obra passa a residir em algo que nao esta nela objetiva e formalmente, e sim na subjetividade do autor: a sinceridade. O elemento de avaliação estética não é mais o estético.
O gênio não se deixa guiar pelas regras da tradição, pois cria a obra com base numa explosao, num surto irracional de sua emocionalidade profunda. E sua criação, por mais imperfeita que seja, na perspectiva das regras clássicas, será sempre a grande obra, porque exprime o estado de exaltação do criador com toda sinceridade. Não é à toa que o paradigma romântico fosse Shakespeare: “poder da natureza, na sua interioridade individual e grupal, pôde sobrepor-se a quaisquer canones ou peias tradicionais, criando graças a seu genio, uma dramaturgia irregular, inusitada e original".
O modelo romantico é um modelo de irregularidade, de desobediência e de liberação, ao passo que obra vale enquanto verdadeira e espontanea, expressão imediata e não raciocinada da alma do artista. O que é importante não é mais o objeto criado, mas o ato de criação e o sujeito craidor. Da obra passa-se a valorização do artista.
Em sua explosão subjetiva, o gênio é o porta-voz das mais altas esferas, o mensageiro divino, o herói mediador do infinito em meio à finitude. E este criador - que se recusa a imitar a natureza, porque a natureza está nele mesmo - é uma força natural.

3 comentários:

  1. Muito bom o comentário acerca do conceito de gênio no romantismo. Valeu!

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  2. Muito bom. Gostaria que indica-se bibliografia sobre o tema. Obrigado

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  3. Este comentário foi removido pelo autor.

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