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22 de março de 2010

Proust par lui-même.

Fonte: http://sites.br.inter.net/elzacaravana/?id=2736
Marcel Proust, em 1913, numa entrevista, afirmou:

“Minha obra é dominada pela distinção entre a memória involuntária e a memória voluntária... Para mim, a memória voluntária, que é, sobretudo, uma memória de inteligência e dos olhos, não nos dá do passado senão faces sem verdade; mas um aroma, um sabor reencontrados, em diferentes circunstâncias, revela-nos, mesmo contra nossa vontade, o passado, sentimos como esse passado era diferente do que acreditávamos recordar, e que nossa memória voluntária pintava, como os maus pintores, com cores sem verdade. Já, no primeiro volume, ver-se-á o personagem que conta, que diz “Eu”, e que não sou eu, encontrar subitamente anos, jardins, seres esquecidos, no gosto de um gole de chá onde ele encontrou um pedaço de madeleine ; sem dúvida ele se lembrava dela, mas sem seu calor, sem seu charme; eu pude fazê-lo dizer que como nesse pequeno jogo japonês onde se molham indistintos pedacinhos de papel que, logo mergulhados na bacia, se estiram, se contornam, se tornam flores, personagens, todas as flores de seu jardim, e as ninféias do Vivonne e a boa gente da aldeia, e suas pequenas moradias e a igreja, e toda Combray e seus arredores, tudo isso, que toma forma e solidez, saiu, cidades e jardins, de sua taça de chá.
Veja, não é senão às lembranças involuntárias que o artista deveria pedir a matéria prima de sua obra. Em primeiro lugar, precisamente porque elas são involuntárias , porque se formam delas mesmas, atraídas pela semelhança de um minuto idêntico, elas têm sozinha a marca de autenticidade. Depois elas nos devolvem as coisas numa dose exata de memória e de esquecimento.”

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