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22 de março de 2010

Proust, um impressionista

“Mas quando mais nada subsistisse de um passado remoto, após a morte das criaturas e a destruição das coisas - sozinhos, mais frágeis porém mais vivos, mais imateriais, mais persistentes, mais fiéis - o odor e o sabor permanecem ainda por muito tempo, como almas, lembrando, aguardando, esperando, sobre as ruínas de tudo o mais, e suportando sem ceder, em sua gotícula impalpável, o edifício imenso da recordação.” (Marcel Proust, in "No Caminho de Swann").


Para Proust, o tempo é forma sob a qual nós entramos na posse e tomamos consciência da nossa vida espiritual, da nossa natureza viva, que é a antítese da matería morte e de mecânica rígida. O que somos passamos a se-lo não só no tempo, mas através do tempo. Somos não só a soma dos momentos individuais da nossa vida, mas o resultado do aspecto em mutação constante que eles adquirem através de cada novo momento. O tempo que passou não nos deixa mais pobres; é, ao contrário, extamente este tempo que enche as nossas vidas de conteúdo. A existência adquire verdadeira vida, movimento, cor, transparencia ideal e um conteudo espiritual à custa da perspectiva de um presente que é o resultado do nosso passado. Não há outra felicidade senão a da recordação e do reviver, da ressurreição e conquista do tempo que passou e se perdeu, porque, como diz Proust, os verdadeiros paraísos são paraísos perdidos. Proust é o primeiro que vê na contemplação, na recordação e na arte, não só uma forma possível, mas a única forma possível em que se pode possuir a vida. (Hauser)

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