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15 de março de 2010

Estética romântica

A palavra de ordem é: " é preciso liberar a emoção". Em vez da serenidade, objetividade, ponderação, disciplina, temos a efusão violenta de efeitos e paixões, as dissonâncias, a desarmonia em vez de harmonia. Tudo leva a um subjetivismo radical: impeto irracional, selvagem, patologico. Daí a enfase no noturno e nas trevas: mórbido, doentio, demoníaco.
De modo geral, o olhar romântico busca a singularidade e a totalidade, isto é, ver cada singularidade em seu contexto geral, cada ser humano na paisagem social que o enforma e emoldura. Enquanto o classicismo retira o individuo do contexto para focalizá-lo, o romantismo ilumina-o dentro de seu quadro global. Cada arte tem a ver com o seu tempo histórico específico.
Se a arte clássica, buscou um ideal harmônico, o romântico perseguirá a contradição entre o individuo (gênio) e sociedade.
O gênio romântico é faustico e prometeico, porque não se pode ajustar a quaisquer limitações e estruturas sociais. Ele escapa delas, fugindo e renunciando à sociedade. Por essa razão, o herói romântico é oposto ao burgues e ao cortesão/ livre, vigoroso (espécie de Robin Hood), encarnação da liberdade.
A insatisfação com a sociedade redunda no tema da alienação humana, da figura do ser humano convertido em peça da roda gigante da civilização, e que por isso não pode desenvolver sua personalidade total. Ele é apenas uma função mecanica, pervertido em sua essencia por nossa civilização. Homem visto pelo romantismo é um ser cindido, fragmentado, dissociado. Infeliz, desajustado, que não consegue se enquadrar no contexto social.
O sentimento de inadaptação social causará aflição e dor (mal du siècle), e a busca da evasão da realidade. Os países exoticos e epocas remotas prometerão o oásis da completude entre o indivíduo e a sociedade, nas quais os romanticos acreditam encontrar a cultura integrada e a sociedade unificada com que sonham. A Idade Média, por exemplo, aparece sem fissuras, de inteireza total. Nas terras selvagens, os românticos descobrem um mundo primitivo e puro. O misticismo proporcionará a comunhão cósmica, isto é, o unir-se e fundir-se misticamente com o universo em sua infinitude. Tudo isso levará ao sentimento do paraíso perdido irremediavelmente.

A liberdade defendida pelo romantico é para desfazer as formas das coisas, porque ele não se atém a regras ou imposições. Na verdade, ele despreza a verossimilhança: se quiser pode pintar de maneira abstrata, nada o força a imitar o espaço tridimensional, que é um espaço ilusório. O artista pode abandonar tais elementos e manipular seu material com o objetivo de desmistificar e de ultrapassar a visão superficial de uma realidade aparente. Artista pode criar anões, elfos, gigantes, ninfas, ondinas, duendes. O mundo do espiritual e subjetivo o leva à contestação das regras da lógica, do domínio do racional, da coerência.

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