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22 de março de 2010

Modernidade e filosofia - esquema de aula.

Sistematização das idéias de Alexandre Araújo Costa, contidas no texto: O olho que não se vê.

1. Crença na realidade objetiva do mundo: a teoria deve representar o mundo, que é percebido como um fato objetivo, a partir da contemplação. A arte deve apenas representar o mundo em imagens, mantendo-se fiel a ele, de modo que a relação que se estabelece é de paráfrase.

2. Modernidade (século XVII): a verdade continua sendo uma descrição fiel da realidade, e a arte deve representar esta verdade. Compete então ao homem compreender o mundo, desvendar suas leis, descobrir o seu modo de funcionamento. O artista ou um filósofo não cria algo novo, mas apenas desvela uma realidade pré-existente. Aquele que conhece a realidade - filósofo ou artista - não inventa o mundo, mas inventa formas novas para representá-lo, como Leonardo, com seu sfumato, que visava tão somente a tradução em imagens de efeitos objetivos e reais. A partir de um olhar objetivo, é possível descrever o mundo - daí o uso recorrente de palavras como reflexo, tradução, representação, mimésis. Não havia ainda a valorização da razão como instrumento de conhecimento: a realidade podia conter aspectos insondáveis à razão, exigindo outras formas de entendimento, como o misticismo e a teologia. Acreditava-se, por exemplo, na existencia de um intelecto acima da razão, capaz de conhecer o mundo, como defendia Nicolau de Cusa. Com o tempo, a razão passou a ser vista como a unica forma de se compreender o mundo. A verdade tem caráter objetivo, pois somente pode haver uma descrição correta do mundo, mesmo que o conhecimento dessa verdade caiba apenas a alguns iluminados.

3. Descartes: negação da tradição e da autoridade como fonte de verdade. Se tudo o que está fora do sujeito é passível de dúvida, somente o que está dentro do sujeito pode servir de certeza objetiva. Cogito ergo sum: posso duvidar de tudo, menos do meu pensamento e subjetividade. A minha subjetividade pode me levar à verdade. Não se trata de acreditar que a realidade é uma função da subjetividade. A subjetividade entendida como universal: o que significa que há verdades que são admitidas por todas as subjetividades, que há certas normas que são aceitas por todos os sujeitos. "Assim, a busca de critérios objetivos já não era mais a procura de um ponto de partida fixo no mundo, mas de um ponto de contato entre todas as subjetividades". Segundo Alexandre Araújo Costa, "a universalização da subjetividade é via moderna para garantir a objetividade. " Primeiro princípio cartesiano: jamais aceitar alguma coisa como verdadeira que não soubesse ser evidentemente como tal. Tem-se a valorização da evidência empírica, alcançada através da razão. A razão era entendida como um instrumento absoluto, sobre o qual não se poderia tematizar: o pensar era uma realidade objetiva. Penso, logo existo. Com Descartes, a razão passa a ser o critério único para todo o pensamento humano.

4. Racionalidade de Descartes: inaugura um novo modo de pensar o mundo, mas não inaugurou um novo modo de pensar o próprio pensamento. Com Descartes, estabeleceu-se a utopia de que era possível observar o mundo a partir de uma perspectiva objetiva. A verdade seria então a representação única de um mundo objetivo: "como há apenas uma verdade, o conhecimento verdadeiro não pode ser validamente contestado e duas verdades nunca podem entrar em contradição".

5. Kant e Hume: colocaram em xeque a objetividade de nossas representações do mundo. Para Kant, o nosso conhecimento não é uma representação objetiva e direta do mundo, mas um fruto do modo humano de olhar o mundo.

6. Impressionismo: retome a filosofia de Kant, porque considera que é preciso pintar exatamente o que os olhos vêem. O objeto da pintura já não é mais o real, mas o modo como o artista enxerga o real, num determinado momento. O que o impressionismo faz é: não se trata mais de pintar o mundo, mas de pintar o modo como o homem vê o mundo, de pintar a luz e deixar que o olhar do observador construa a imagem. Segundo Alexandre Costa, a modernidade "mudou completamente o objeto de representação, mas, tal como Kant, manteve intangível o ideal de uma objetividade: o objeto não é o mundo, mas o modo de olhar. Porém, a objetividade do modo de olhar garante a objetividade das imagens. De toda forma, os impressionistas ainda supõem pintar o modo como vemos a luz, e, sendo a luz externa a nós, a dualidade sujeito objeto ainda permanece no centro de sua concepção, pois a obra de arte ainda tem uma referência externa a ela mesma. A arte impressionista ainda não é a constituição de objetos, mas a representação de objetos, motivo pelo qual o impressionismo representa a modernidade madura e não a sua superação".

7. É só depois, no pós-impressionismo, que aparece a idéia de que a racionalidade não é racional, que a pretensa objetividade racional não é uma forma objetiva de ver o mundo, mas uma certa forma de inventar o mundo. "Daí para a percepção de que o artista não refletia o mundo, mas criava obras que constituíam um objeto independente no mundo, não faltava muito. E foi esse passo que abriu caminho para a arte abstrata e conceitual do século XX"

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